Quando a criança era criança,
andava com os braços balançando,
queria que o riacho fosse um rio,
o rio fosse uma torrente,
e essa poça d'água, o mar.
Quando a criança era criança,
não sabia que era criança,
tudo lhe era cheio de vida,
todas as vidas eram uma.
Quando a criança era criança,
não tinha uma opinião sobre nada,
não tinha hábitos,
sentava-se com as pernas cruzadas,
saía correndo,
tinha um redemoinho no cabelo
e não fazia caretas para fotografias.
Quando a criança era criança,
era o tempo das seguintes perguntas:
Por que eu sou eu e por que não você?
Por que eu estou aqui e por que não lá?
Quando começou o tempo e onde termina o espaço?
Não é a vida sob o sol apenas um sonho?
O que eu vejo, ouço e cheiro não é apenas o brilho de um mundo anterior ao mundo?
Existe mesmo o mal e pessoas,
as quais realmente são más?
Como pode ser que eu, antes de eu existir, não era o qual eu sou,
e, que algum dia, eu, o qual eu sou, não serei mais aquele que sou?